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¿Viva la Revolución?: A Cuba de ontem e hoje


Foto com os dizeres em espanhol: En  la unión está la fuerza

E então fez-se a Revolução impulsionada pelos ecos de rádios piratas amadores. No dia 1 de janeiro de 1959, a data simbólica foi escolhida a dedo como o alvorecer de uma nova era. Três revolucionários, Che, Cienfuegos e Fidel, munidos de puro ímpeto juvenil e ideais comunistas, convocaram o povo que se atirou nos campos de batalha, por um futuro mais igualitário. Em poucos meses, o ditador Fulgencio Baptista caiu e os estrangeiros foram expulsos. Assim, todo o território cubano foi estatizado, incluindo as empresas norte-americanas.

Dizem as lendas e os velhos cubanos que “Che” era totalmente contra o alinhamento com os soviéticos. Ele sonhava com uma revolução independente, com cunho socialista imbuído de latinidade, com fortes raízes robustas o suficiente para expandir o ato revolucionário mundo afora, inspirando povos oprimidos a derrotar as forças imperialistas.

Che queria escrever o seu próprio diário. Porém, o embargo norte-americano contra a ilha que começou em 1958 para barrar a entrada de armas em Cuba e sufocar a revolução, nadava a braçadas, e recrudescia, ainda mais, com o objetivo de cortar pela raiz, esse ímpeto comunista que crescia ali, bem nas barbas do Tio Sam. Secando a fonte de dólares, “el bloqueo” crescia e punia, inclusive, outras nações que comercializassem com Cuba. Sem dúvida uma anomalia. Começava, então, o embargo mais longo da história mundial.

O alinhamento fez-se, portanto, necessário. Não era uma questão de escolha, mas sim de sobrevivência. Enquanto Che partia, desiludido com seu posto de funcionário público e alçava sua alma revolucionária para outras terras africanas e bolivianas, Cuba se viu forçada a abraçar os soviéticos incondicionalmente. Era isso ou morrer na primeira fila, vendo o sonho revolucionário partir como um cristal ainda na fase de sua aurora. Esse alinhamento deu um fôlego de 30 anos ao sonho comunista. A ilha e seu regime fechado de partido único, seguiam firmes e fortes guiados pelo coturno da figura mítica de Fidel.


O povo cubano pouco se queixava da falta de liberdade e democracia, afinal, a geladeira estava mais cheia do que outrora. Comida, educação, moradia, saúde e trabalho: o partido prometia e entregava tudo isso. Porém, as marretadas no muro de Berlim ecoaram na ilha e puseram um ponto final no conto de fadas. A União Soviética se esfacelava e com ela o fim do patrocínio soviético.


Durante três décadas, Cuba trocara charuto e rum por petróleo, e de repente tudo sucumbiu. A “libreta” (cota de comida grátis) foi racionada a níveis extremos e nem o básico se encontrava nos armazéns cubanos. A fome e desesperança voltava a assolar o povo cubano...

Em 1994 grandes passeatas saíram às ruas e havia Fidel: o mito se agigantava mais uma vez. A figura paternal renascia, para entender o momento histórico com perfeição. Castro permitiu a abertura de negócios particulares e convocou as redes de hotéis europeias a se instalarem nesse paraíso caribenho. E elas acudiram ao chamado, animadas pelos incentivos e imenso potencial da ilha. Então, houve uma pitada de capitalismo para apaziguar os ânimos e colocar Cuba nos trilhos outra vez.

Impossível não traçar, portanto, um paralelo com o que acontece nesse momento em Cuba. A pandemia agravou feridas já latentes, trouxe a fome, os apagões e a desesperança voltou a cena. Entretanto, hoje, o partido não conta mais com Fidel para apaziguar os ânimos e dar mais um passo em direção ao capitalismo do passado, pode ser um caminho sem volta.

Biden ainda não mostrou a que veio na relação USA/Cuba e pouco fez para mudar as absurdas regras impostas por Trump a ilha, no fim do seu governo endurecendo, ainda mais, o embargo e as punições para empresas norte-americanas que forem pegas comercializando com os cubannos. Inclusive, insumos médicos foram proibidos de entrar em Cuba.

O embargo pune até outros países e é considerado uma anomalia pela OMC. Hoje, somente 3 países são a favor do bloqueio econômico a Cuba: EUA, Israel e o Brasil, desde 2019.

O certo é que o embargo serve perfeitamente aos radicais dos dois governos (dos Estados Unidos e de Cuba): o cubano que culpabiliza os gringos por todas as mazelas da nação e não faz as reformas necessárias, perpetuando-se no poder; já os norte-americanos conservadores usam politicamente Cuba em sua eterna Guerra Fria, em um jogo de xadrez do qual estes ditam as regras.

Os governos ultradireitistas mundo afora, de suas poltronas quentes e esplanadas, bradam por uma Cuba Libre, escondendo seus próprios pecados. Quem perde? O povo, ou melhor os povos do mundo, invariavelmente. Nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos da história e ver como Cuba sairá desse momento. O certo é que o regime Cubano não mudará. Afinal, há um status quo a ser perpetuado e um único partido a ser protegido.


Para isso, vale quase tudo. Pequenas reformas à la Fidel são esperadas, sem dúvida, doses de alívio, na alma cubana que seguirá bailando salsa, fumando seus charutos e matando um leão por dia.

¡Viva Cuba!

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